segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Summersonic parte 1

Vamos tirar do baú logo mais um dos tantos posts atrasados pelo problema no meu notebook. Hora de falar um pouco sobre o Summersonic 2012, ocorrido dias 18 e 19 do mês passado. Uma breve intro: o festival, que ocorre simultaneamente em Osaka e Tokyo, é um dos maiores e mais prestigiados do país. Do mundo, até. Desde 2000 ocorre sempre no meio do mês de agosto, auge do verão japonês. Assim como o seu grande "rival", o Fuji Rock Festival, possui sempre uma lista de atrações com artistas nacionais e ocidentais, procurando abranger todos os estilos musicais. (pois é, o Fuji Rock apesar do nome não tem só rock. e nem é realizado em Fuji... -__- ) Já os outros grandes festivais nipônicos (Rising Sun, Countdown e Rock in Japan) focam em artistas locais.

 Vale dizer que quando digo grandes festivais eu digo 'grandes' MESMO. Não o que estamos acostumados a ver no Brasil, onde qualquer festivalzinho meia-boca com 20 bandas é chamado de grande e tem ingresso vendido a 350 reais. (meia-boca mesmo, ou vai me dizer que um negócio que tem a Mallu Magalhães pode ser chamado de outra coisa?) Aqui o negócio é sério, tanto em organização quanto produto oferecido. Os grandes festivais japoneses contam com mais de uma centena de bandas, meia dúzia de palcos, um monte de barracas vendendo goods, comida e bebida, área pra acampar e atividades diversas (como pintura, gincanas, concursos de bandas iniciantes...).

O Summersonic, no já longínquo ano de 2006, foi o primeiro show/festival que eu vi em minha vida. Naquele tempo eu morava no interior do Japão e era mais fácil ir para Osaka. Lá vi a edição daquele ano, dois dias. Num sei se já comentei mas ao longo do tempo fui passando a preferir os festivais menores que estes grande shows. Afinal são mais baratos e você fica mais próximo do palco/artista. Mas este ano eu tinha de voltar ao Summersonic, afinal teriam muitas bandas fodas tocando e principalmente, teria Garbage. Garbage é a banda mais importante da minha vida, o grande divisor de águas. Foi conhecendo o Garbage que eu descobri o que é 'música' de verdade e passei a construir o gosto refinado que eu tenho hoje, me salvando. (aqui o leitor já pensa "ha! mas é um comédia mesmo! ele fala que tem gosto refinado sendo que ouve e vive comentado por aqui de AKB48!". ok, é verdade. mas... digamos assim... que eu acompanho o AKB não pela música, mas por causa da bunda da Mayuyu, ok? =P ) Não fosse o Garbage e eu provavelmente estaria hoje ouvindo Rihanna e saudoso lembrando dos Mamonas Assassinas.

A partir do Garbage eu fui me aprofundando no rock alternativo e deixando de lado as pragas da televisão que eu até então ouvia. Sem tv por assinatura, me restava o saudoso programa Lado B (ainda existe?) da Mtv Brasil, numa época que o canal ainda tinha música e video-clipes, pra ver a banda. Naqueles tempos, apresentado pela enciclopédia viva, Kid Vinil. Como ele passava, se me lembro bem, toda terça-feira à meia-noite, acabava por assistir (e assim a me interessar) também por outros programas da faixa horária, como o Yo! (rap) e o Mondo Massari, apresentado pelo "Reverendo" e que mostrava bandas dos mais variados cantos do mundo. Dá pra dizer que ali surgiu o embrião do meu interesse por música japonesa.

 Depois com tv por assinatura as coisas ficaram mais fáceis e assistindo muita Mtv Latina e Much Music o interesse foi migrando do rock alternativo, meio que naturalmente diria eu, para o punk rock. Mas enfim, o assunto do post é outro. Acontece que foram dois dias sensacionais, principalmente o segundo onde tudo deu certo. Tudo mesmo. Pra um cara que é a verdadeira encarnação do Charlie Brown como eu, dá pra dizer tranquilamente que foi o melhor dia da minha vidinha até aqui. 

 Beach Stage (debaixo de tempestade) e Mountain Stage (ainda vazio)
 Sonic Stage e Rainbow Stage, dentro do Makuhari Messe

No primeira dia, apesar da forte chuva que caiu pela manhã e acabou por atrasar os horários de todo o festival (e que continuou, com menos força, ao longo do dia), deu pra aproveitar bem, vendo Hirai Dai, Knock Out Monkey, Onsoku Line, Man with a Mission (adooooooro), uma tal de Alexandra Stan (que eu sinceramente não conhecia até então. e não me sinto nem um pouco orgulhoso de hoje dizer que conheço u__u é tão ruim que tenho certeza que deve ser um baita sucesso no ocidente...), Lostprophets (que eu creio que já tinha visto antes... sei lá), Passion Pit (que eu também nunca tinha ouvido falar. achei legalzinho até), Franz Ferdinand (tive de perder o Death Cab for Cutie, mesmo horário... mas já numa mostra da sorte que viria no dia seguinte, fui plenamente recompensado com um baita show, com direito a Do You Want To e tudo mais! eu amo esta música por causa do Paradise Kiss ^__^ ), Nelly Furtado (certo, a música dela depois "Força" é bem podre. mas vamos dar um crédito a ela vai, ela é a simpatia em pessoa. apesar do figurino apertadíssimo, onde ela mais parecia uma tanajura, foi bem divertido, com direito aos clássicos Turn off the Light numa mixagem nova e I'm Like a Bird a cappella. Ela duas vezes desceu do palco e veio pro meio do público, subindo na grade), The Hiatus e Sigur Rós (sim, perdi o Green Day, mas... perdi tanto assim mesmo? nem. Hoppípolla compensa). 

 Island Stage e área de camping
 Marine Stage, no QVC Marine Field, e Nelly no meio do povo

Duas coisas a destacar: nestes festivais com artistas ocidentais enche de nanbanjins. A rigor isto num seria um problema, a não ser quando se tratam de shows de rock. No Japão a galera faz mosh, circle pits, diving e tudo mais, mas é bem diferente do ocidente. Falo por experiência própria, no ocidente muita gente vai pra dar porrada de verdade, bater pra machucar... nego que cai no chão é prontamente pisado e chutado. Não a toa brigas e confusões são frequentes. No Japão a mentalidade é outra, mesmo nos shows mais hardcore e underground possíveis. Nestes lugares a coisa só fica realmente perigosa quando os nanbanjins aparecem achando que estão na América. Foda. Este é um dos motivos pelos quais fui deixando de ver shows de bandas ocidentais com o tempo e consequentemente, deixando de curtir e ouvir no dia-a-dia. Outra coisa a destacar é o como o público médio japonês, este que infesta os grandes festivais (casaizinhos, tiozões, molecada poser, etc) paga pau pra qualquer coisa que venha do exterior. Qualquer coisa MESMO, até k-pop! (ok, foi só uma provocaçãozinha. =P ) Viu que é gringo vão correndo pra assistir, mesmo sem fazer a mínima idéia do que se trata. Aplaudem efuzivamente as primeiras músicas até a ficha cair e começarem a dispersar ainda antes do término do show. De lei você ver isso. No show do Sigur Rós isso foi claro, japonesada fazia a menor idéia do que os esperava, do som minimalista da banda. Deviam estar esperando um U-2 da vida e acabou o show eu já tinha saído do fundão pra antes da metade da pista. =/

 No segundo, as coisas foram tudo melhor do que eu poderia esperar. Desde conseguir o trem mais rápido pra chegar lá até a japinha gostosinha que eu fiquei encoxando no show do Garbage. =D Acordei tarde mas foi melhor assim, pude ir mais inteiro pra maratona que começou com Anna Tsuchiya. Primeira música, Rose. Começar o show (e meu dia) já kicking ass. Foda demais. Depois ainda teria Slap That Naughty Body, Kuroi Namida, Brave Vibration, Lucy... Ela ainda é engraçada e super simpática. Sabe, eu acho que só num virei fã dela até hoje porque ela me lembra a Vandinha da Família Adams... Depois teve Mao Abe. Num é ruim, pelo contrário, mas eu num sou chegado. Nem nela nem em outras cantoras pop rock que têm aparecido aos montes ultimamente... Sei lá, nesse estilo, prefiro ficar com a original, Yuki. A ex-vocal da lendária banda Judy And Mary, que influenciou todo o meio pop punk e rock alternativo japonês e que como solista é a fonte da onde da surgem estas Maos, Michis e Miwas. 

Curioso dizer que cruzei durante o dia com dois negos vestindo camisa do BiS. =D Impressionante. Um grupinho que até ontem num juntava cem pessoas num show... E isso que elas nem estariam presentes no festival... Bem, no próximo post continuo com a bíblia. ^__^' Afinal o terceiro show do dia foi nada mais nada menos que do Perfume! Merece um post especial.

Nenhum comentário: