terça-feira, 22 de maio de 2012

No olho dos outros é refresco

Bom, este post vai ser um rant típico. Bíblico. Criei este blog pra isto, desabafar. E agora estou precisando. O mais lógico seria escrever tudo o que irei escrever abaixo lá no Nihongogo, onde rolou a discussão. Mas seria perda de tempo. Ninguém lê merda nenhuma e só sabem fazer generalizações e misinterpretações, então, não lido por não lido, posto aqui. Daí eu num preciso passar pra inglês. ;P

Esse último escândalo do AKB, como já disse, não deve tomar maiores proporções fora da net porque o Akimoto tem hoje boa relação com grande parte da mídia, a ponto de 'segurar' notícias que afetem o grupo. Mesmo na net, não está saindo muito dos sites japoneses (em especial do 2ch), afinal envolve basicamente a questão de um show extravagante pra poucas pessoas. Bom, pra quem mora do outro lado do globo e nunca viu/vê shows do AKB, num faz diferença nenhuma mesmo. Só mais um show não visto. Nada demais.

Mas para mim e tantos outros fãs, isso pega. E muito. Quem já foi num show ou evento do AKB sabe da diferença ABISMAL entre estes (vou tratar no plural pois certamente não foi o primeiro. comentários dão conta de que outro evento semelhante foi realizado para uma rede de supermercados e que o SKE realizou um também, no ano passado) eventos e um evento comum que o grupo realiza para nós, fãs. Oras, pra não alongar demais, vou me conter a apenas três pontos, bem ilustrativos dessa diferença de tratamento:

-alimentação: Os eventos/shows do AKB não possuem uma única barraquinha de hot dog que seja. NADA. Você tem de sair e comprar uma marmita em algum kombini próximo. O próprio Togasaki num post do blog oficial a não muito tempo atrás, se pôs a responder algumas perguntas enviadas pelos fãs. Numa delas, quando questionado se haviam planos pra disponibilizar opções de alimentação nos eventos, ele respondeu "não temos planos pra isso porque não há necessidade. as pessoas podem caminhar e comprar algo numa das inúmeras opções de estabelecimentos da redondeza do evento (no makuhari messe)". Já neste evento, realizado num hotel, havia simplesmente uma montagem recriando o cafe & shop de Akihabara! Detalhe: lá o cardápio oferecia pratos que não estão disponíveis no cafe & shop original.

-goods: Nos eventos/shows você tem de comprar o quer. Os produtos são vendidos na grande banca de goods que é montada, contendo basicamente os mesmo produtos que estão a venda na loja oficial, com os mesmos (elevados) preços. Para comprar, você enfrenta filas enormes, muitas vezes de horas. Com o detalhe que nos shows a banca é montada no lado externo do local, logo você tem de enfrentar sol, vento, chuva... Já neste evento, era entregue (pelas próprias membros) um brindezinho singelo: uma sacola personalizada com camiseta, porta-cartão, bastões de luz e um dvd (o do documentário. só ele já vale cinco mil ienes...).

-contato com as garotas: Nos eventos/shows ele é mínimo. O mais 'luxuoso' tratamento recebido são os 10 segundos por ingresso, que você tem nos daiakushukais. Já neste evento, você podia, sem delimitações prévias, cumprimentar, abraçar e conversar com as garotas. Sem falar nos 2shot (fotos com elas).

Veja que as diferenças são GRITANTES e aqui, um dos argumentos usados "ah, mas a Avex também faz eventos privados" cai por terra. Afinal a Avex faz sim eventos anuais para seus parceiros, mas eles são apenas privados, não secretos. E consistem em mini-lives de alguns artistas com um buffet pra encerrar a noite. Só. Nada extravagante ou tão diferente de um show convencional ao qual todos têm acesso.

Isto posto, não há como não se sentir feito de idiota, comendo pão enquanto os convidados do patrocinador comem lasanha. Aí aparece o pessoal escrevendo "ah, mas tá certo fazer isso! Os patrocinadores dão muito mais dinheiro que os fãs. E a lógica do paga mais, leva mais tá mantida". Porra! Esse raciocíonio é tão tacanho que fica até díficil contra-argumentar sem ser mandando pra aquele lugar. Onde já se viu comparar uma empresa com uma pessoa física? É óbvio que o montante dado pela empresa é maior mas aqui não tem como comparar uma vez que são entidades distintas. Uma coisa é uma 'competição' fã-fã onde quem compra 3 cds tem mais tempo que quem compra 1. Agora, como alguém vai competir com uma empresa? Patrocinadores têm seu retorno através de exposição da marca, marketing, não através de festinhas particulares. Essas só servem pra saciar a vontade de uma meia dúzia de engravatados prepotentes. E a real é que mesmo que alguém tivesse um valor enorme em dinheiro pra torrar, este alguém poderia chegar no Akimoto e oferecer em troca de um 'showzinho particular' com alguma menina? Não. Isso beiraria os negócios de uma agência de prostituição, pra começo de conversa.

E aí vale atentar pro outro ponto, que não me atinge tanto nem me deixa revoltado, mas existe e as pessoas parecem não dar a mínima (talvez porque os valores morais na sociedade ocidental já foram perdidos há bastante tempo): a questão moral do negócio entre AKS e a empresa de pachinko. Já disse da ligação pachinko-máfia. O AKB até hoje sempre evidenciou apenas uma estreita ligação com os pachinkos, uma relação meramente comercial de fazer propagandas assim como elas fazem propagandas para a HP, para a Emobile, etc. Mas estes shows secretos mostram que a relação é mais profunda do que parece. Segundo comentários, membros da diretoria da AKS são também diretores da Kyoraku. Kyoraku não é apenas um patrocinador qualquer, mas uma sócia minoritária na campanhia. E aí, faz todo o sentido manter as coisas em low-profile, afinal expor pro grande público tamanha relação (dependência) com uma empresa de pachinko...

Cabe citar um caso exemplar, que talvez nem todos conheçam. Antes do UFC virar moda no Brasil, sendo exibido pela Globo e tudo mais, a maior organizadora de eventos de MMA do mundo era a Pride FC. Japonesa. Eram espetáculos incríveis com os melhores lutadores do mundo no ringue. Mas acabou. Sabe porquê? Porque descobriram uma relação entre a empresa organizadora e a yakuza. Bastou uma reportagem num dos principais jornais do país para que a Tv Fuji rompesse o acordo de transmissão das lutas. Sem a receita da tv, o Pride quebrou. Foi comprada pelos donos do UFC, que tinham projeto de manter o Pride ativo, como uma filial. Mas diante do fato anterior e dos novos donos terem notórios envolvimentos com cassinos (um deles é dono de uma rede de cassinos em Las Vegas), ninguém quis ver sua marca associada ao Pride e assim, não restou outra coisa a fazer senão fechar o Pride FC. A história está aí, escrita.

E assim, em suma, eu pela primeira vez me ponho a seriamente pensar em largar esta idolatria boba. Oras, tem o BiS. Tem o Afilia Saga East. Tem o Babymetal... Tem o Mornin... não, não. Este já está extinto faz tempo. =P

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