Vamos pensar um pouco sobre o momento do cenário pop japonês hoje. Me parece nítido o como o pop passa por uma fase de estagnação, sem criatividade, sem vitalidade, sem novidades... Alguém pode falar que isso ocorre não só com o pop japonês, algo que posso concordar, mas não vem ao caso. Vamos nos ater ao J-pop. Tudo parece que já foi feito e parece sem tempero. Um cenário hoje dominado por grupos de K-pop e idol groups (para ser mais preciso dois, Perfume e AKB48). Fora isso é uma musiquinha esporádica aqui, um hitzinho ali de um Funky Monkey Babys da vida... num passa disso.
Não precisa nem entrar na discussão acerca da qualidade (ou falta de) presente na música feita por eles. Ok, Perfume ainda tem algumas músicas muito boas, de verdade (graças aos dedos do Yasutaka). Mas de qualquer modo, não parece monótono demais isso? É AKB (e seus sub-units e grupos irmãos) vendendo milhões de cds; Perfume, Kara, SNSD e mais alguns vendendo uns milhares de cds (MUITO abaixo da marca do AKB) e... mais nada. O resto está relegado a um terceiro plano. E o que é pior: merecidamente! Enquanto o cenário rock apresenta uma ebulição incrível estes últimos anos, com grupos e mais grupos aparecendo e se firmando com propostas das mais variadas possíveis (e com qualidade), tais como Sekai no Owari, Man with a Mission, Galileo Galilei, Negoto... A lista é muito grande! Agora, tente fazer uma lista de pop...
O que poderia estar por trás disso? Será que o monopólio de vendas e mídia do AKB está intimidando os outros? Uma coisa curiosa é notar como hoje o J-pop não tem mais uma 'rainha'. Ao longo dos últimos anos sempre tivemos inúmeras grandes cantoras fazendo sucesso e sempre ao menos uma em destaque, assim, ocupando o lugar que o AKB ocupa hoje na mídia, podemos assim dizer. Era Namie Amuro (que ainda está ativa mas parece 'cansada', não causa mais um décimo do impacto de antes), era Ami Suzuki (alguém ainda lembra que ela está ativa?), era Ayumi Hamasaki (que parece não saber mais pra onde atirar, diante de suas vendas cada vez menores... segundo um amigo este novo album está muito bom, não sei, não ouvi ainda. nos próximos dias devo postar algo sobre ele), era Nerds Hikaru (que parou pra se dedicar a vida pessoal), era Kodeeeeenha (idem)... Isso sem falar em outras, como Ai Otsuka (mais uma que parou), Mika Nakashima (cansadíssima!), Mai Kuraki, Nanase Aikawa...
Hoje não temos mais uma referência. As que mais vendem hoje são Kana Nishino (genérica demais) e Yui (melhorzinha, mas sem tempero). Muito pouco, não? Quanto a grupos, também. Foi-se faz tempo a época de Every Little Thing, Dream Come True e outros. Mais: saia da lista de vendas da Oricon e você vai ver que entre os artistas menos badalados a tônica é a mesma (um exemplo, Rie Fu). Salvo raras exceções. E é aí onde entra a Kou Shibasaki.
Gosto dela mas não acompanho a sua carreira assim tão de perto, então confesso que não sei o que houve... Mas que houve algo, isso é certo! Ela de modelo/atriz de razoável sucesso, resolveu se lançar na música. No começo, era como poderia se esperar: musiquinha super genérica (exceção ao debut single, Trust My Feelings. essa música é linda!), sem graça. Mas eis que num determinado momento, ela tomou uma guinada de 360 graus! A atuação ficou em segundo plano (vide diminuição de papéis em doramas) e se focando na música ela começou a mostrar clara evolução como cantora. Foi se envolvendo com gente influente da área, se metendo em projetos interessantes (KOH+, Galaxias!)... Lançando singles cada vez mais interessantes, ousando... Eis que sete anos depois do citado single, lança Love Paranoia, um marco. Esqueça as vendagens (o álbum menos vendido dela até então). Experimentando, provocando, se afastando da música mais comercial, Kou, quem diria, se tornou num sopro de energia em meio ao marasmo.
Desde então ela só vem melhorando (impressionante!). Lançou aquele que eu considero o melhor single de 2011, Mukei Spirit. Arte! Música que contagia, ecoa lá dentro, com um clipe sensacional de stop motion. Repare no encerramento, com o nariz sangrando e ela desmaiando. kkkkkkk Fe-no-me-nal. Circle Cycle, álbum daqueles raros onde não dá vontade de pular nenhuma faixa. E agora lança este Strength. Desde já forte candidato a melhor single de 2012. Igualmente psicodélico, igualmente contagiante, igualmente criativo, num ritmo totalmente diferente... Sério, não tem como não amar. Já começa pelo seu cabelo bicolor adotado ultimamente, que me faz lembrar da Birdy. =D
Quer saber, dane-se o mercado. Dane-se o J-pop atual e viva a Kou Shibasaki. Enquanto ela estiver na ativa, está tudo bem.
Se você não concorda com o que eu escrevi,
tia Kou vai te dar uns cascudos hein
*ps: outro sopro de energia é a Miliyah Kato, mas isto é assunto para outro post.
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