segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Nonaka atuando na Sibéria

Parece piada mas não é. Quem acompanhou o noticiário destes últimos dias viu que o Japão encarou uma nevasca e tanto, que não acontecia a mais de quarenta anos aqui na região de Tokyo. Eu já havia encarado nevascas fortes em Shiga-ken, que apesar de estar mais ao sul é uma região onde costuma nevar mais. Mas por aqui, foi a primeira vez. Eu já nem lembrava mais o que era isso. Em Saitama-ken neva umas duas ou três vezes por inverno, apenas. Apesar de a estação já estar prestes a acabar e dar lugar à primavera, na terça-feira passada caiu a primeira neve do ano (primeira foto abaixo). Nada muito forte, no dia seguinte já derreteu e não tinha mais quase nada. Mas aí veio o sábado e... bem, Tokyo virou a Sibéria. >__< Muita neve, mais de trinta centímetros se acumulando pelas ruas. E justo no dia que eu iria ver a minha Nonaka atuando numa peça. Ela que nem no teatro do AKB48 se apresenta mais, afinal o team B tem duzentas e quinze membros hoje em dia... Ela que não aparece em lugar nenhum, nunca tem nenhum serviço fora do grupo... a top flopada das flopadas. Mas por algum milagre divino ela conseguiu um papel na peça "Kokoro wa Kodoku na Atom", em cartaz por curta temporada no pequeno Theater Green em Ikebukuro. Alegria! Certo? Sim, até acontecer o que aconteceu. A esta altura, o leitor mais astuto já deve ter percebido porque ela é minha oshimen no AKB. Mas para aqueles mais lerdinhos das idéias, este post serve para deixar didaticamente bem clara a relação que me une com aquela garota. Somos dois fudidos na vida, fracassados, ignorados, rejeitados, que quando finalmente conseguimos algo... alguém lá em cima apronta uma dessas. =(

Tem aquele ditado de que "felicidade de pobre dura pouco", não tem? Pois então. Quando a Nonaka finalmente consegue algo para fazer (depois de quase dois anos), a cidade é atingida por um evento calamitoso desses. u__u E aí cabe dizer que "neve" não é algo legal. Os únicos que gostam disso são as crianças que ficam fazendo bonecos-de-neve e guerrinha de bolas-de-neve e os turistas jecas que moram em país tropical e nunca viram isso na vida (aka brasileiro). Pra quem mora no lugar, tem que ir trabalhar, estudar, fazer compra, pagar contas... isso é uma merda. Neve é muito bonita em fotos, mas na realidade ela mata plantas, cobre as ruas deixando-as escorregadias e perigosas e dá um baita trabalho. Sem falar no frio, óbvio. Que se acentua nos dias seguintes à nevasca, quando o gelo derrete e solta aquele "bafo" frio, deixando a sensação térmica ainda pior. Caminhar a pé é complicado, você suja a roupa e se encarar uma nevasca de frente então... é aquele gelo cortante na cara e visibilidade mínima. De bicileta, quase impossível. Tombos são inevitáveis. De carro, além de dirigir devagar e com cuidado pra seguir o "trilho", você tem que colocar pneu de neve ou correntes. Sem falar em ter que ficar com pá tirando a neve da calçada e entrada da sua casa, do telhado, de cima do carro... Nas foto seguintes, imagens do fatídico sábado, em minha jornada até o local da peça. A neve depois de pisada e começando a derreter fica feito uma lama gelada, imunda. Dá pra ver bem ali nas fotos das avenidas. Muito comércio fecha, shows são cancelados (adiaram eventos do Momusu e da Miss Simpatia... é... pensando bem, até que eu gosto de neve sim =P ), trens param de circular... Um caos.


Meu percurso que deveria durar quarenta minutos virou duas horas na ida e quase três na volta. u__u O teatro (aberto em 2005) fica alguns quarteirões a sudoeste do Sunshine City, no coração de Ikebukuro. Acanhado, não tem hall de entrada, só um labirinto de corredores levando às três salas do local. (essa peça foi encenada na maior delas, com capacidade para cerca de 170 pessoas) Logo ao entrar, de cara as bancas de goods e os arranjos florais. Pela quantidade de arranjos endereçados à Nonaka, ninguém combinou e se juntaram para bancar, cada fã deve ter levado um. XD Na penúltima foto abaixo, o ingresso e o flyer que veio junto com ele. Como eu disse anteriormente, além dela tinha as irmãs Mio e Matsuri Miyatake do Bump.y. Comprei o panfleto da peça e umas fotos da Mio, afinal não tinha da Nonaka. =/ Na última foto, Nonaka no panfleto... não tem muitas imagens dela além dessa página. E na entrevista com parte do elenco, ela, pra variar, não fala quase nada. Ela comenta o como a sua personagem é parecida com ela, de ter pego umas dicas com a amiga Moeno que encenou no passado a mesma peça... Esse panfleto diferente do que costuma ocorrer, tem pouco sobre a história a ser encenada, quase nada mesmo. Talvez para não matar a surpresa do final. O principal é o experiente ator Junichi Kawamoto, que vive um solitário e desiludido escritor. Certo dia uma jovem estudante (Ayako, a Mio) aparece e fica importunando-o até ele aceitar que ela more junto. Ela é grande admiradora da principal obra dele, Tetsuwan Atom (ou Astro Boy, como é conhecido no ocidente). Aqui o Atom não tem lá muito a ver com o Atom de verdade, a não ser na aparência.

Três histórias distintas vão sendo contadas e vão se interligando através de passagens do mangá que ele escreveu. Tem o escritor (cujo nome só é dito no final. não é o Osamu Tezuka, autor de verdade) morando com a Ayako e a Mari (Rinna Ai), uma mulher que ele conhece por acaso e passa a trabalhar de empregada doméstica em sua casa. (mais tarde descobre-se que ela cometeu um crime e ela é presa) Ayako faz de tudo para animar o escritor, inclusive é ela quem fala para aceitar a Mari, pra ele ter alguma companhia. Ayako sofre uns pesadelos com a Uran (Sayaka Akaike), irmã do Atom na história original do Tezuka. Aqui, Uran e Atom (Matsuri) estudam na mesma escola. Atom sofre constantemente bullying dos demais alunos, principalmente da Uran. As coisas só não são piores porque a professora Ruriko (Suzuka Morita) costuma intervir. Ela é a única que parece simpatizar com o Atom. Seu melhor amigo, Toshio (Yuto Takabuchi), tentar ficar do seu lado às vezes, mas até por ser fraquinho, no final junta-se sempre à turma na perseguição. Nessa segunda história, tudo é bem maluco e exagerado, afinal trata-se da encenação do mangá do escritor. Uma história a princípio fictícia mas que no final descobrimos que tem um fundo de realidade, quando é dito o nome dele: Toshio. Ayako é na verdade fruto da imaginação dele, não existe. Ela seria uma encarnação do Atom, que assim como na ficção tenta fazer as pessoas a sua volta mais felizes (nesse caso, o próprio escritor). Os pesadelos da Ayako na verdade são pesadelos dele, que sente remorços por não ter ajudado o Atom no passado (ou seja lá quem quer que tenha sido o tal amigo na verdade).


E onde entra a Nonaka afinal? Pois bem, ela entra na terceira história, vivendo o papel da Chiyoko, colega e apaixonada pelo Matsunaga (não falam o primeiro nome dele. no final sabemos o porquê. vivido pelo Tetsuya Sugaya, que pega -ou tenta, pelo menos- a Kitarie no famigerado programa Terrace House. o cara é foda mesmo, o caçador de AKBs. qualquer membro que aparece pela frente, ele tá investindo =P ). Eles são companheiros num grupo de dança, que pára as atividades depois que o melhor amigo dele e também integrante, Masahiko (Tomosuke Masuda) adoece. Quando ele morre, Matsunaga fica perdido e desiludido, não conseguindo se abrir com a Chiyoko e deixando ela escapar. No final descobrimos que ele, assim como o garoto medroso, também é o escritor, neste caso lembrando seus tempos de juventude. Custou um bocado para eu conseguir ligar os pontos, afinal a história é contada de maneira bem rápida e não linear. A rigor seria um drama, mas graças principalmente à atuação da dupla Masahiro Ishida e Atsushi Nakamura, que vivem diversos pequenos pápeis ao longo do espetáculo, acaba virando uma comédia. Eu particularmente acho que se tivessem escrito de uma maneira mais séria ficaria melhor, mas enfim. Acontece que eu sou meio suspeito pra falar, afinal não sou grande apreciador da comédia nipônica. Suas piadas, referências, senso de humor... Muita coisa eu não entendo e o que entendo, geralmente não acho graça. ^__^' Atsushi faz uns papéis bem zoados, como o Cobalt (que é irmão do Atom no original), o detetive trapalhão, o instrutor de dança viadão (e aqui tem umas cenas bem exóticas, com ele pedindo pro Tetsuya ficar assoprando seus peitos e tals .___. )...

Não vou poder aqui ficar contando muitas passagens da peça, de duas horas ininterruptas de duração, senão esse post viraria uma bíblia. Mas vale destacar que ela tem alguns musicais inseridos aqui e ali, cada um centrado por um dos atores principais. Mio é a destaque quando eles dançam ao som de "Fly Me to the Moon", Nonaka é a destaque quando elas se apresentam todas vestidas de Marilyn Monroe... o__O É, minha Micha vestida de Marilyn... cada coisa que a gente vê nessa vida... Durante a peça são feitas várias referências e piadinhas com elementos da cultura pop, como o Beat Takeshi, o mangá Shingeki no Kyojin... e claro, o AKB. Numa cena no hospital, Matsunaga e Masahiko estão conversando, o primeiro conta que viu a ex do agora doente pouco antes de entrar... ele então fala "ee, sou na no? aitakatta na... aitakatta... aitakatta! aitakatta!" e já começa a fazer uma dancinha junto do Matsunaga, que o acompanha. Aí a Nonaka se levanta, faz os dois pararem e... "yes! kimi ni..." completando o refrão e a coreografia. =D Uma graça. Mas verdade seja dita, ela não brilha muito no espetáculo. Não compromete também, o que já é um começo. Mas quem se sai melhor, na minha opinião, é a Mio. Ela rouba a cena. Nonaka em alguns momentos parece muito robótica... Após a sessão (teria outra mais tarde) teve um breve talk show com o elenco principal falando de algumas curiosidades dos bastidores. Pegaram no pé do coitado do Atsushi, que o elenco todo se dava muito bem, todos muito amigos, menos ele. Nonaka comentou sobre um momento de uma sessão anterior, logo, boiei. Vale dizer que o cenário era bem simples, no fundo tinha um casarão parecido com um colégio enquanto os móveis eram trazidos e tirados constantemente por eles mesmos.

O palco não é lá muito grande e o som, apenas razoável. É curioso que a platéia fica posicionada numa escadaria bem inclinada. Eu na sexta fileira estava já bem mais acima que os atores no palco. Pela disposição das encenações, quem ficava normalmente na minha frente era a Mio. Lá nas primeiras fileiras eu avistei o velho do fã-clube da Nonaka. Tinha um número considerável de wotas na platéia, certamente a maioria pra ver a dupla do Bump.y, porém. A peça começou com alguns minutos de atraso, porque no horário previsto muita gente estava chegando ainda. Sacumé, com aquela nevasca... fiquei surpreso de aparentemente todos terem comparecido. Antes de começar rolou um janken com os dois comediantes, valendo três pôsteres autografados. Claro que eu não ganhei porra nenhuma. u__u Os staffs do local são bem atenciosos e achei curioso que os atores muitas vezes entravam e saíam de cena pelas portas laterais, por onde a gente entrava. Teve dois momentos onde eles vieram por trás, descendo um corredor no meio das poltronas (bem duras, diga-se de passagem). Infelizmente eles vieram pelo corredor oposto ao qual eu estava. No final de contas, achei legal essa peça. Se fossem outras atrizes e não a Nonaka e a Mio, provavelmente minha opinião seria diferente, porém. Bom, agora eu tenho algum assunto pra falar com a Micha no próximo akushukai né... Ainda mais que ela me reconheceu! *___* Ai que tudo. Na saída o elenco todo estava nos corredores cumprimentando o público. A Nonaka estava já entre as últimas e assim que me viu arregalou os olhos, sorriu e me deu tchauzinho. Virou e continuou acenando enquanto eu passava e ia embora. Nya~~~~. Valeu o dia já. Podia ter nevado 200 vezes mais forte que o sorriso dela compensaria de qualquer modo.


Não sei se podia parar pra conversar e tals, acho que não, o pessoal na minha frente não parou. Afinal naqueles corredores estreitos se alguém parasse, mais ninguém passava e seguraria tudo. Como o velho e uns amigos dele ficaram enrolando pra sair por último, acho que eles devem ter conseguido conversar com ela. Fica aqui a torcida pra que ela consiga convites para produções maiores no futuro, que nem a Katayama. Se bem que por mais que a Nonaka dance bem, seja mais curvilínea graciosa e se esforce nos outros quesitos, a Katayama é MUITO superior cantando e interpretando, além de ser mais carismática e extrovertida diante das câmeras... não é fácil pra Micha... Assim como não foi nada fácil pra eu conseguir voltar nesse dia. Na estação, plataformas fechadas e tudo coberto de neve. Os poucos trens em circulação, atrasados e andando mais devagar, estavam logicamente super disputados. Só num tinha nego viajando do lado de fora porque se o fizesse morreria congelado. Após três horas, finalmente chego em casa e encontro as ruas nesse estado das fotos acima. Perfeito pra fazer snowboard, convenhamos. Guarda-chuvas jogados... carros atolados... um garoto solitário construía um iglu no meio de uma rua (sério). Como eu disse antes, neve não é legal. Pode ser lá na montanha, pra esquiar. Mas quando você tiver de passar por coisas como ter o pé atolado na entrada de sua casa, aí você haverá de concordar comigo... que venha logo a primavera!

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