quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Wake Up, Girls! review part.1

Bom, se a meia dúzia de leitores deste blog já conseguiu captar mais ou menos o modo de pensar e a personalidade do autor ao longo destes quase dois anos, este post não soará estranho. Vocês já deveriam estar imaginando que eu mais hora menos hora falaria deste novo anime que estreou no último dia 10, através de um longa metragem entitulado "Wake Up, Girls! Shichinin no Idol". Pois bem, como introdução eu devo dizer que já fui um grande fã de animes quando mais jovem, sou daquela geração que cresceu vendo Tenchi Muyo! na tv aberta e Saber Marionette J na tv fechada (o finado e saudoso Locomotion, bons tempos). Nesse meio tempo as técnicas de animação evoluíram muito, mas infelizmente o conteúdo não acompanhou o ritmo. Não que os dois desenhos citados fossem aquelas maravilhas em termos de enredo (eram basicamente duas comédias românticas bobinhas), mas haviam vários outros com histórias muito bem desenvolvidas, como o clássico Evangelion, Cowboy Bebop, Ghost in the Shell... e aí que eu percebi que ao longo dos tempos o número de animes mais elaborados vem diminuindo, dimunuindo... nos últimos anos parece que 99% do que é produzido são só animes moe, carregados de fanservice e com zero criatividade, cópias uns dos outros. Bem, claro que também EU fui passando a ficar mais seletivo e exigente (isso é algo natural da idade, quanto mais velho você fica, mais crítico e como não, ranzinza. =P ). O resultado disso é que parei de acompanhar animes. Por completo.

Acho que o último que me dei ao trabalho de ver... tinha sido o Durarara!! ou o Bakemonogatari, não lembro mais. Eu sei que faz tempo que perdi o interesse em assistir novos animes. Ainda fui passando a me interessar cada vez mais por idols, migrando de anime otaku para idol otaku... e aí aparece o Wake Up, Girls!. Ele a rigor não apresenta algo 'novo', uma vez que outros animes que tratassem de idols já foram feitos antes, como The Idolm@ster e AKB0048 recentemente. Mas o Wake Up tem uma clara diferença com relação a estes, que gerou muitos comentários na net que me chamaram a atenção. Eu tive que ver com os próprios olhos. E estou gostando do que vejo. O Wake Up é MUITO mais realista que os demais e demonstra ter uma preocupação em retratar os mais diferentes aspectos e nuances que cercam o 'mundinho idol'. Ele não é denso e crítico como um Perfect Blue, mas ele também não é 'bobinho' como os dois citados antes. Para mim, que estou envolvido no meio, tem sido uma grata surpresa ver este desenho porque ele apresenta aspectos que muita gente ignora ou desconhece. De maneira sutil (ou às vezes nem tanto) ele mostra como funciona o meio, desde o que se passa na cabeça de uma menina qualquer que decide ingressar nessa aventura até os gananciosos produtores que querem apenas uma fonte de lucro fácil. Pelo menos neste início o desenho não tem recorrido a muitos estereótipos ou a juízos de valores, o que acho interessante. Pra quem quer conhecer o que é o 'mundinho idol', o Wake Up começa a despontar como uma interessante ferramenta de apresentação. 


A série começa pelo filme de cerca de uma hora de duração, que apresenta as personagens e mostra o surgimento de um grupinho idol em Sendai. (inspirado no Dorothy Little Happy? =D ) Produzido pela Tatsunoko Production e estúdio Ordet, que não são empresas das mais 'badaladas' no setor, o anime apresenta belos traços e animação. Nada excepcional, mas bem feito. Um toque que achei bem bolado foi terem criado as integrantes do grupo com os mesmos nomes das dubladoras. (Yoshino Aoyama faz a voz da Yoshino Nanase, etc) Ainda colocam nos créditos do desenho a fictícia agência Green Leaves como responsável pela produção e até criaram um site para a própria. Mais! Lançaram as dubladoras como se fosse um grupinho idol mesmo, além de um joguinho onde você assume o papel do produtor. Quer dizer, os caras são ligeiros. Em tempos de mídia tão integrada como o nosso, estão atirando em todas as direções possíveis. A história começa com a pequena agência Green Leaves em problemas financeiros vendo seus artistas contratados caindo fora. (indo fazer carreira em Tokyo e tals) A dona Tange ao ver na tv o sucesso do I-1 Club (AKB48?), resolve investir num grupinho idol. Ela conhece bem o ramo e demonstra isso ao manipular as pessoas e saber os passos certos a serem dados. Diferente de seu empregado, o manager Matsuda, que parece bem 'perdido'. Ele não sabe como se aproximar das possíveis candidatas na rua, nem como convencê-las ou incentivá-las. Um péssimo scout. Mesmo com as dificuldades e limitações financeiras, eles conseguem achar seis meninas interessadas.

Uma já era cantora conhecida e talentosa em concursos regionais (Minami); outra era uma celebridade local mirim em busca de projeção (Yoshino, a líder. Yuko Oshima?); a terceira era uma maid sonhadora que demonstra adorar tudo o que cerca essa coisa de 'ser idol' (Miyu. Rio Hiiragi?); uma era a típica menina que gosta de cantar e dançar (Nanami); outra era aquela típica jovem sem muitas perspectivas que fica pulando de trabalhos temporários quaisquer por aí (Kaya); por fim tem a Airi, a típica estudante fascinada pelo possível glamour da coisa mas que não tem muitas habilidades. Ela é amiga de colégio da Mayu, a última a ingressar no grupo. Ela já fora membro do I-1 Club no passado, portanto é um nome conhecido (o toque que faltava pro grupo decolar, não à toa Tange e Matsuda tentam convencê-la tanto a entrar) e é experiente. Depois de muito relutar, ela percebe que apesar dos momentos difíceis que ela teve de vivenciar (perdeu o posto de center no sousenkyo?), ela ainda possui uma paixão por aquilo e resolve retomar a carreira de idol. (Nae Suzuki?) Com as sete meninas, surge o Wake Up, Girls! (WUG. que ironicamente é também nome de um motel na cidade). É legal que o desenho mostra (de maneira bem rápida, é verdade) como é a dureza enfrentada por todos os envolvidos no projeto, exatamente como acontece na vida real com a esmagadora maioria dos grupos idol. Não há aquele glamour idealizado. As meninas entregando panfletos na rua (Up Up Girls?), fazendo showzinhos em lugares improvisados (Alice Juban?), sem carro para transportá-las (Hime Kyun?)... elas têm de elas mesmas arrumar o local do show, arranjar um figurino, ensaiar no tempo livre...

O filme termina com elas conseguindo lançar o primeiro single independente (Tachiagare!. é legalzinha até a música. Tange conta com a ajuda de uma famosa dupla pop na composição. Halcali?) e fazendo seu primeiro showzinho, num concerto de bandas universitárias de metal (kkkkk), sem público nenhum praticamente. (e que teria sido um fracasso não fosse pelo solitário wota...) Talvez pra mim seja mais fácil reconhecer as possíveis referências e inspirações... de qualquer modo, eles fizeram um baita trabalho em recriar fielmente lugares e personagens com muita riqueza de detalhes (o Kamen Rider na tv, a loja de usados, o maid cafe, a conferência de imprensa do I-1 Club -é o Togasaki ali?-, o 2ch com seus usuários chegados em fazer comentários maldosos...). O anime realmente parece se passar no Japão que eu conheço. E o WUG realmente parece com um grupinho idol obscuro. Detalhe pra certas sutilezas como as próprias meninas se predispondo a deixar as calcinhas à mostra, o manager avaliando os dotes físicos da menina, a Tange perguntando se as meninas eram virgens... Não há ninguém 'inocente', 'pueril' nessa história. Assim como ocorre na vida real. As meninas não são pobres coitadas exploradas por um bando de tarados. A sexualidade está ali, faz parte da coisa, todos jogam com isso conscientemente. Japão é o país onde as estudantes encurtam a saia do uniforme para deixar as pernas à mostra. O filme desmistifica a idéia de que a sexualidade está nos olhos do 'wota pervertido babão' apenas. E na série de tv isso aparece ainda melhor. Com previsão para 12 episódios, ela começou a ser exibida no dia 11 e até este momento, três episódios já foram ao ar, através da Tv Tokyo. (ela também pode ser acompanhada via internet e tv paga)


Aqui eu vou falar do primeiro episódio da série. A qualidade de produção dá uma ligeira diminuída em relação ao filme, normal. Mas continua prezando pelo realismo. O início do episódio com uma navegada pelo equivalente do 2ch é hilário, igualzinho o antro da vida real, só nego zuando. =D Nunca fui ainda para Sendai, mas pelas imagens reais que passam na vinheta de encerramento, parece que o anime tenta reproduzir mesmo os locais. De qualquer maneira, não pude deixar de ver certas cenas e lembrar do telão perto da estação Kaihin Makuhari, do palquinho no Tokyo Dome City... As músicas de fundo eu não gostei muito, mas a música de encerramento é ok. (Kotonoha Aoba. sou só eu ou ela lembra "Sakura no Shiori" do AKB?) A história continua de onde o filme parou, com as meninas ainda sem saber se o grupo vai continuar ou não. Tange não reapareceu ainda e Matsuda está só guardando as correspondências e evitando as meninas. Muitas cenas do filme são reaproveitadas neste episódio. As personagens secundárias em particular, como a família das membros, parecem bem humanos e pouco estereotipados. As meninas ganham um novo alento e já até começam a pensar em catchphrases e tals quando Matsuda (pouco confiante e com péssima auto-estima) as informa que o grupo vai continuar afinal um importante produtor (Sudo, ele lembra alguém famoso da tv...) se interessou pelo grupo e está indo a Sendai pra avaliá-las pessoalmente. O episódio termina com ele não perdendo tempo e mandando logo as meninas vestirem bikinis para ele ter certeza de seus "talentos". =P

Por mais que possa parecer repulsivo, não sejamos ingênuos. É assim mesmo que funciona o meio artístico, não só no Japão. Achei legal no preview as dubladoras aparecendo. O primeiro episódio foi regular, tivesse reciclado menos imagens seria melhor. Por enquanto o nível de fanservice não está ainda muito elevado, menos mal. Achei a coreografia da apresentação delas legalzinha, estou quase chamando seis amigos pra imitar elas e depois postar no youtube. XD E o que foi o I-1 Club anunciando um ambicioso projeto de ir até as 47 províncias do país? Qualquer semelhança com a turnê nacional do AKB (que até hoje não foi terminada, diga-se de passagem. afinal quando continuará? desistiram?) não é mera coincidência. Só que aqui o negócio é ainda mais grandioso, com compra de teatros próprios e sub-units sendo relocadas para cada um deles. Chupa, Akimoto. No próximo post vou falar dos episódios dois e três, onde parece que o anime dá, infelizmente, uma caída no nível. =(

Nenhum comentário: